Outubro chegou, e com ele a Igreja nos convida a refletir sobre o mês missionário. Para muitos de nós, a palavra “missão” pode soar como algo grandioso ou distante – talvez ir para outro continente ou dedicar-se integralmente à vida religiosa.
No entanto, a verdade é que a missão mais urgente, impulsionada por este mês missionário, começa exatamente onde estamos. Ela brota no nosso dia a dia, na nossa casa, no nosso trabalho e, especialmente, na nossa comunidade de fé.
Na Comunidade Santos Anjos, aprendemos que a essência de toda missão é o acolhimento restaurador. É a nossa forma de revelar ao mundo o Rosto do Cristo Acolhedor.
E se você sente essa inquietação no coração, esse desejo de fazer algo a mais, mas se sente travado por não saber por onde começar, este texto é para você. Talvez você pense que não tem tempo, ou que não possui o “dom” certo. A boa notícia é que Deus não chama os capacitados, mas capacita aqueles a quem chama.
Vamos juntos desmistificar o serviço e descobrir um caminho prático para viver intensamente a sua vocação leiga.
Acolhimento restaurador: o coração da missão
Antes de pensarmos no como servir, precisamos entender o porquê. Nossa missão, e a sua também, é levar as pessoas ao encontro pessoal com Jesus Cristo.
Mas como fazemos isso num mundo tão ferido e apressado?
Através do acolhimento restaurador. Este não é apenas um “seja bem-vindo” na porta da igreja. É acolher o outro em seu cansaço, em sua busca, em suas dúvidas e em sua história.
É ser, muitas vezes em silêncio, o abraço de Deus que restaura a dignidade daquele que se sente perdido. Este é o fundamento de todo e qualquer serviço.
Mês missionário: o servir começa em casa
Antes de sairmos para “fazer coisas para Deus”, precisamos parar e “estar com Deus”. A missão autêntica nasce da intimidade com o Senhor. O serviço sem oração é apenas filantropia; a missão com oração é evangelização.
Portanto, o primeiro passo é rezar. Pergunte a Ele com sinceridade: “Senhor, onde Tu queres que eu sirva? Como posso ser Tuas mãos hoje?”.
Muitas vezes, Ele mostrará que o primeiro campo de missão é a paciência com a família, a oração perseverante pelo cônjuge, a escuta atenta dos filhos ou a caridade no ambiente de trabalho. Não pule esta etapa.
Mas, e depois, como posso agir? Este passo a passo pode te ajudar:
Passo 1: escutar as dores (ministério da presença)
O primeiro gesto do acolhimento restaurador é a escuta. Vivemos num mundo barulhento, onde todos querem falar, mas poucos estão dispostos a ouvir.
Ser missionário, no primeiro momento, é simplesmente estar presente. É sentar-se ao lado de alguém na Missa que parece triste, é perguntar “como você está?” e realmente esperar pela resposta, sem pressa.
É o “ministério da presença”. Você não precisa ter todas as respostas; você só precisa ter ouvidos abertos e um coração disposto a compadecer-se.
Passo 2: interceder e sustentar na oração
Depois de escutar as dores do mundo, o próximo passo é levá-las para Deus. Nem sempre podemos resolver o problema prático daquela pessoa, mas sempre podemos orar por ela.
A intercessão é um dos serviços mais poderosos e, ao mesmo tempo, mais invisíveis da Igreja. Quando você se compromete a rezar fielmente pela sua paróquia, pelo seu pároco, pelas famílias da sua comunidade e por aqueles que sofrem, você está em plena missão.
Se você também precisa de oração, coloque seu pedido aqui e confie na nossa intercessão.
Passo 3: formar-se para melhor servir
O amor precisa de conhecimento para não se tornar mero sentimentalismo. A vocação leiga exige seriedade e preparo. Para servir melhor, precisamos nos formar.
Muitas pessoas deixam de ajudar por medo de “falar algo errado”. Por isso, busque a formação que a sua paróquia oferece (catequese, liturgia, escola da fé etc.) e aprofunde-se nos conteúdos formativos que a Igreja disponibiliza.
Na Comunidade Santos Anjos, a formação é um pilar essencial. Ela nos dá as ferramentas para não apenas acolher, mas também para direcionar as almas no caminho da fé.
Passo 4: integrar um grupo/serviço na paróquia
Agora é hora de colocar a mão na massa. A paróquia é o nosso primeiro “campo de missão” comunitário. É onde a Igreja se torna visível no seu bairro.
Converse com o seu pároco ou com a secretaria paroquial. Onde há necessidade?
Muitas vezes, faltam braços na liturgia, na pastoral do dízimo, na visita aos enfermos, na catequese de crianças ou no acolhimento de novos membros. Comece pequeno. O importante é começar a servir na paróquia com fidelidade e alegria.
Passo 5: agir com a Comunidade
Além de servir na paróquia, talvez Deus o chame a viver uma missão específica dentro de um carisma, que é um dom do Espírito Santo para a Igreja.
Viver a missão em comunidade nos fortalece, pois nos lembra que não caminhamos sozinhos. Aqui na Comunidade Santos Anjos, por exemplo, temos diversas frentes apostólicas que necessitam de voluntários, como a Casa de Maria (nossa obra de promoção humana) ou os nossos grupos de oração e eventos de evangelização.
Passo 6: buscar acompanhamento espiritual
Quem cuida precisa ser cuidado. Este passo é vital. É muito comum vermos pessoas maravilhosas “queimadas” pelo excesso de serviço – o que chamamos de “ativismo”.
O serviço apostólico não pode ser fonte de esgotamento; deve ser fruto do transbordamento do seu amor por Deus.
Por isso, o missionário precisa de equilíbrio. Ter um diretor espiritual, um confessor regular ou alguém que o acompanhe em sua caminhada (um formador ou acompanhador) é essencial. Precisamos zelar pela nossa própria alma para que o serviço seja sempre saudável.
Passo 7: perseverar com simplicidade
Neste mês missionário, não tente abraçar o mundo de uma só vez. A missão é uma maratona, não uma corrida de 100 metros.
Escolha um pequeno passo.
O que você pode fazer hoje? Talvez seja rezar 10 minutos por um vizinho. Talvez seja se informar sobre a pastoral do batismo na sua paróquia. Talvez seja doar alimentos para uma obra social.
A perseverança nas pequenas coisas é o que, de fato, constrói o Reino de Deus.
Como dar o primeiro passo no ASA – Amigos Santos Anjos ao longo do Mês Missionário
Se você leu este texto até aqui e sentiu seu coração arder, talvez a Comunidade Santos Anjos seja um caminho para você viver essa missão.
Muitas pessoas se identificam com nossa espiritualidade e desejam viver o carisma do acolhimento, mas, por diversas razões, não podem ou não desejam assumir um compromisso de consagração total.
Para isso, Deus nos inspirou o ASA – Amigos Santos Anjos.
O ASA é um Ramo Vocacional dentro da nossa estrutura. É formado por missionários que desejam viver a nossa espiritualidade e colaborar com a missão conforme suas possibilidades de tempo e vida. É uma forma concreta e acessível de viver sua vocação leiga sendo parte ativa da nossa família espiritual.
Você sente que Deus o convida a ser um missionário do acolhimento? O ASA – Amigos Santos Anjos pode ser o seu lugar.
Dúvidas frequentes sobre o serviço
1. “Eu não tenho tempo para servir.” A missão não é mais uma atividade na sua agenda lotada; é a forma como você vive as atividades que já tem. Comece consagrando seu trabalho, oferecendo suas dificuldades e rezando por quem cruza seu caminho. O serviço organizado (como no ASA ou na paróquia) se ajustará ao tempo que Deus lhe dá.
2. “E minha família? O serviço não vai me afastar deles?” Sua família é, e sempre será, sua primeira missão. O serviço a Deus nunca deve competir com os deveres familiares, mas sim santificá-los. Um bom discernimento ajuda a encontrar o equilíbrio.
3. “Eu já sirvo na minha paróquia. Posso participar do ASA?” Com certeza! O carisma do ASA – Amigos Santos Anjos vem para somar, não para dividir ou competir. Viver a nossa espiritualidade do acolhimento certamente enriquecerá o serviço que você já realiza onde está, dando-lhe novas ferramentas e um novo ardor.
Oração para quem deseja começar a servir neste mês missionário
Senhor Jesus, Rosto do Acolhimento do Pai, Tu que és o Missionário por excelência, enviado ao mundo por amor, desperta em mim, neste mês missionário, o desejo profundo de servir. Quebra minhas resistências, meu medo e minha preguiça. Mostra-me, Senhor, onde queres que eu seja Teus pés para ir, Tuas mãos para acolher e Teu coração para amar. Envia-me, Senhor, e capacita-me com a força do Teu Espírito Santo. Amém.
